quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O que não foi para o jornal

Segue aqui uma matéria feita no sábado, dia 19 de setembro, no qual apenas 40% do texto foi publicado. Confira agora na integra, e sem cortes o que não foi para o jornal:


Um policial militar matou um sargento e feriu outro soldado e cometeu suicídio logo em seguida, na tarde de ontem (19) no Jardim América, região sudoeste de Goiânia. Segundo relatos de testemunhas, antes do crime o soldado Jodenil Domingos Pontes Júnior, 29 anos, teria discutido com a esposa durante um almoço, em sua residência, localizada na Rua C-7.

Vizinhos do militar teriam ouvido disparos de arma de fogo, e acionado uma viatura da Polícia Militar (PM) por meio do celular funcional do veículo. O sargento Jean Claiton Gouveia Moreira e o soldado Edson Silva Nascimento foram até o local conferir o que havia ocorrido. Ao chegar na ocorrência, os dois policiais foram recebidos no portão por Jodenil, que prontamente, teria se identificado como policial militar.

Nesse momento ele teria entregado ao sargento sua identidade, e em seguida, teria sacado uma pistola calibre ponto 40 e efetuado um disparo contra o rosto de Jean Claiton que morreu na hora. Após alvejar o sargento com um tiro fatal, Jodenil ainda efetuou mais três disparos contra o soldado Edson Nascimento, que foi atingido no queixo, na mão e no peito.

Depois de matar um e ferir outro policial, Jodenil adentrou sua residência e consumou o suicídio na cozinha da casa. O policial ferido com três tiros foi socorrido por outros militares, que chegaram ao local momentos depois, e foi encaminhado ao Hospital Jardim América. De acordo com a Comunicação Social da PM, o estado de saúde do militar é estável e ele passa bem. O Instituto Médico Legal (IML), a Polícia Civil e a Polícia Técnico Científica foram até o local do fato, onde realizaram perícia além de recolher os dois corpos.

Momentos de Terror

De acordo com um primo de Jodenil, que não quis ser identificado, tudo começou com uma discussão fútil. O rapaz teria sido convidado junto com sua esposa e filho, para almoçar na casa do policial. Durante o almoço, o militar perguntou ao primo o porque de seu irmão não relacionar mais com ele. "Jodenil me perguntou por quê meu irmão não falava mais com ele. Disse que o motivo era por que ele tinha ocultado uma traição da namorada de meu irmão”, diz.

Depois da resposta, a esposa do policial disse que aquilo tratava-se de fofoca, e que também havia boatos de que ela própria havia cometido adultério. Depois disso, a mulher teria se levantado e saído. Em seguida, Jodenil também se levantou e teria ido atrás da esposa e a jogado no chão, segurou-lhe os cabelos e desferindo murros e pontapés.

O enteado de Jodenil tentou separar a briga e o primo também foi segura-lo. Enfurecido, o policial teria chutado uma mesa que virou de cabeça para baixo, e na seqüencia, teria pegado uma arma e efetuado dois disparos. Em pânico, o parente do policial pegou sua mulher e filho e foram embora. “Disse à Jodenil para dar uma volta a fim de se manter sob controle e não provocar uma besteira maior. Implorei pelo amor de Deus que ele não fizesse nada conta minha família, mas ele estava fora de controle", relata.

O aposentado Pedro Chaves de Matos, 76, disse que a sogra de Jodenil, que também estava na casa, saiu às pressas, correndo e pedindo socorro. "Ela estava muito nevosa, minha mulher a levou para dentro e tentou acalmá-la. Eu estava sentado na porta de casa quando ouvi os tiros", afirmou.

O tenente-coronel Divino Alves, chefe do setor de Comunicação Social da PM, disse que o fato entristece muito a corporação e que a situação além de triste é constrangedora. Jodenil era policial militar há 10 anos, e atualmente, era lotado no Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) de Aparecida de Goiânia, um destacamento semelhante ás Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), porém de atuação no interior, onde trabalhava há cinco anos. A PM vai abrir um Inquérito Policial Militar (IPM), para apurar o caso com mais detalhes.
Créditos: Frederico Oliveira / Catherine Moares

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Assessoria

Estou assessorando um candidato ao governo de Goiás nessas eleições. Quem me segue no Twitter, sabe para quem trabalho. Até que estou gostando da idéia. É uma ótima saída para quem trabalha num jornal não que cumpre com a obrigação de pagar seus funcionários.

Tento me conter em vestir de fato a camisa do partido e do candidato assessorado. No primeiro debate realizado na TV, ele se saiu tão bem, que no outro dia tirei muita onda no Twitter com os milionários assessores dos outros candidatos.

Ele ganhou o debate em partes, pois o triunfo seria completo se não tivesse assassinado a língua portuguesa.

Recebi o convite para filiar, porém recusei. Neguei por uma série de fatores, que vão desde a falta de afinidades ideológicas ao lado profissional.

1° O partido é a favor da descriminalização da maconha

Eu sou contra. Sou a favor é da repressão pesada contra traficantes e usuários.

2° O partido é a favor da retirada das tropas brasileiras do Haiti

Acho que deve triplicar o contingente de nossos soldados naquela ilha, transformando-a em um protetorado brasileiro.

3° O partido é a favor do casamento gay

Não sou contra a união civil entre casais homoafetivos. Só acho que o casamento é uma instituição religiosa, e nessa caso, a palavra "casamento" deveria ser trocada por "união civil".

Enfim, me considero um nacionalista centro-esquerda-liberal. Não acho que a iniciativa privada pode atrapalhar o Estado, entretanto tampouco acho que o poder econômico deve sobrepor ao Estado.

Em tempo de vacas magras assessorar é o que há!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Flagrante 2

Mais fotos:















Flagrante

Sempre, desde quando nasci, nunca escondi de ninguém, ou as vezes, disfarçava, mas meu grande sonho era vestir a verde-oliva e seguir a carreira do meu pai. Mas de um tempo pra cá, me parace que isso virou coisa do passado.Sou formado em Comunicação Social Jornalismo, e atualmente trabalho como repórter.


E parece que esse ofício vicia. Em uma tarde qualquer, ouço um barulho. Segundo depois, um estrondo. Saio de fora, e vejo uma cena que seria o prato cheio para qualquer repórter. Um ônibus bate frontalmente em um poste, derrubando-o. O transformador atingido pelo choque causa curto-circuitos, com faíscas que são lançadas há metros de distãncia.

Os passageiros do veículo, desesperados, pulam pela janela, pois a porta ficou obstruída e sob os fios de alta tenção. Corro, igual a um fuzileiro naval que acabara de desembarcar no campo de batalha, e pego a máquina fotográfica, e saio fotografando a situação. O resultado é isso aí:













Ninguém se feriu, e o Corpo de Bombeiros, Celg e Polícia Militar chegaram instantes depois. Mais fotos no próximo Post.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Despercebido


Sou um repórter furtivo. Entro na sala onde ocorrem as entrevistas coletivas de forma despercebida, ninguém me nota. Estou em cima do fato, consigo captar o que anda acontecendo nessa cidade maluca, mas ninguém sabe direito sobre a minha pessoa. Presumo que cerca de 40 mil pessoas lêem meus textos todos os dias. Mas tampouco sabem quem realmente sou.

Não tenho a cara do Tom Cruise e muito menos sou transportado por um Aston Martin, e confesso, não sou simpático nenhum pouco. Sou um homem de poucas namoradas, de modestos feitos, de pouco sorriso, não inspiro e muito menos sou do tipo que é inspirado. Mas estou sempre ali, em cima dos fatos, decifrando esse mundo escroto em que vivemos.

Fico pensando, não somos nada nesse mundo sem o fator representatividade. Não importa quem você é e o que vocês faz, e sim, o que você provoca nas outras pessoas o que elas fantasiam sobre você.

Mas sei tirar proveito de toda a minha falta de notoriedade. Sou um falcão para tal. Por mais um tempo quero viver nas sombras, no anonimato, mais um entre a multidão, com caneta, gravador e bloco de notas em mãos.

Conheço e tenho memorizado muitas coisas. Sei de algo que pode derrubar o governo e impedir outro de tomar posse dele no dia 1° de janeiro de 2011. Sei quem matou, quem roubou e quem violentou. Eu garanto, eu sei. Sei até o que não deveria saber.

O jornalismo é uma arma. Uma arma que mata pelas letras e isso é fascinante. Um jornal pode causar mais destruição do que um míssil. Seu poder de aniquilação é de causar torpor. Já dizia Napoleão Bonaparte, o senhor da Europa: "Tenho mais medo de três jornais do que de cem baionetas".

O desrespeito com o profissional da imprensa


Não temo escrever o que vou retratar mais adiante. Não temo mesmo. Trabalho no segundo maior jornal do Estado. Este periódico está há 30 anos sendo publicado todos os dias. Mas seus profissionais de imprensa são tratados iguais serviçais de quinta categoria. Não recebo há cinco meses, vivo de míseros vales. Até o iletrado flanelinha que age na Praça Universitária tem uma vida mais digna do que a minha.

Não sabia que jornalista vivia de ilusões aqui em Goiânia. Entrevistamos todos os dias o alto escalão do secretariado estadual, coronéis, delegados, promotores, juízes, garbosos advogados e ilustres doutores e mestres catedros, mas no fim das contas, não passamos de velhacos escrevedores de notícias. Ainda não me enlouqueci porque tenho os nervos fortes. Mas a situação anda séria, essa imprensa provinciana é uma droga, que vicia e nos deixa no fundo do posso. Contudo acredite, eu trabalho sério, só não sou levado a sério.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Transporte do caos


Faço a cobertura, desde o início do ano, do caos que passa no transporte público de Goiânia. Cansei de ir pessoalmente até a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) entrevistar e ter que engolir desculpas esfarrapadas do presidente, Marcos Massad. Em fevereiro deste ano, a companhia de ônibus alterou cerca de 30 linhas, afetando, segundo eles, 65 mil usuários do transporte coletivo da Capital. De lá pra cá, começaram a surgir sérios problemas, como atrasos de ônibus, terminais lotados, usuários insatisfeitos, motoristas estressados e o pior, o aumento de carros circulando nas ruas estreitas de Goiânia.

Segundo a CMTC, as mudanças foram para “redimensionar as linhas”. Mas o que aconteceu de fato foi um desastre. O que foi redimensionado foram os ganhos das empresas de ônibus. O povo, ou seja, o usuário não foram consultados sobre as alterações, e o pior, não foram avisados previamente. Resultado: Três protestos consecutivos que paralisaram os terminais Praça da Bíblia, Campus Universitário e Praça A e uma greve dos motoristas que deixaram 400 mil usuários a ver navios em plena segunda-feira. O fato é simples, nem precisa ser jornalista para saber o que anda acontecendo. As empresas de ônibus atrelados a partidos políticos estão fazendo de tudo para capitalizar mais. Entendo que isso não é nenhum pecado, no entanto, deve-se levar em consideração a boa qualidade do serviço prestado. O povo goiano e goianiense não são mais aqueles matutos vindos do interior, percebo que as pessoas andam mais politizadas e sabedoras de certos problemas cotidianos, que as norteiam.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Prefácio

Não estou contente com o que escrevo e publico no jornal em que trabalho. Na verdade, não estou contente em trabalhar sem receber há três meses. Vida dura essa nossa de operários das letras.

Quero usar esse espaço para colocar o que não foi para o jornal. Aquilo que eu acho que deve ser escrito e lido. Não haverá amputações nesse espaço. Todo fato que acontece em Goiânia e no Estado, no qual eu cobri para o veículo em que faço parte, estará aqui. Eu serei o editor de mim mesmo. Eu serei o juiz, o policial, o político, o doutor, o promotor, a vítima de mim mesmo.

Obrigado!